Querido diário,
Em setembro, quando regressar à escola, já sei o que terei de fazer nas aulas da professora Lurdes, isto é, a inevitável composição sobre as nossas férias.
“Não se esqueçam meninos, quando voltarem, eu vou querer saber o que fizeram e por onde andaram; descansem muito e venham com muitas ideias. Portem-se bem”.
Se no ano passado esta missão deu-me uma verdadeira dor de cabeça, desta vez tudo será diferente e os avós ajudaram-nos imenso.
Como tu és o meu melhor confidente, hoje antecipo o que vou escrever daqui a um mês, ou seja, As Aventuras dos irmãos Canalha (como a avó Luísa passou o tempo todo a dizer: “Credo! Esta canalha não sossega”, o Joca decidiu sugerir este título para a composição).
Esta foi uma viagem cheia de alegria, amor e muitos Aromas e Sabores (rio-me sempre quando o avô Joaquim começa a falar das Infusões que compra e refere estas duas palavras)!
A viagem até casa dos avós foi muito divertida
Quando a mãe nos disse que íamos passar uma semana a casa dos avós em Cinfães, eu e o Joca não queríamos ir, pois desejávamos ficar no Porto. Já viram a seca que é estar numa casa onde não temos PS5 nem podemos jogar Fortnite com os nossos amigos?
Eu como já sou grande não chorei, mas o Joca ficou muito triste e fez uma birra.
Apesar de tudo, não tivemos escolha e lá fomos até Cinfães de carro com os nossos pais.
Tudo começou logo pela manhã e chegámos antes da hora de almoço. Pelo meio ainda parámos em vários locais e ouvimos falar sobre alguns monumentos da Rota do Românico.
O nosso pai é professor de História na Escola Secundária Aurélia de Sousa e fez questão de nos ensinar muita coisa.
Ele explicou-nos que o concelho de Cinfães tem 3 monumentos muito importantes e quando era mais pequeno o avô Joaquim levava-o a visitar a Igreja de Nossa Senhora da Natividade de Escamarão, a Igreja de Santa Maria Maior de Tarouquela e ainda a Igreja de São Cristovão de Nogueira (fiz questão de escrever estes nomes num papel para não me esquecer).
Claro que o Joca disse logo que ia pedir ao avô para irmos visitar as igrejas e brincarmos nos mesmos sítios onde o pai brincou.
Ao fim de quase 1 hora e meia de viagem, lá chegámos à casa em Medados e fomos recebidos com uma grande festa.
A Infusão fresquinha que a avó Luísa preparou
A Milu (a cadela dos nossos avós) foi a primeira a chegar ao carro e ficou logo toda contente, pois demos-lhe um brinquedo de borracha em formato de osso.
Depois de a Milu nos vir receber, a avó Luísa chegou e deu-nos muitos beijinhos e abraços.
Já o avô Joaquim, acenava de felicidade do quintal, onde apanhava feijão-verde.
O Joca riu-se muito, porque ele tinha um chapéu de palha igualzinho ao espantalho do vizinho no milheiral. O mano só dizia:
“Olha avô… pareces o espantalho ali no terreno do vizinho”.
Depois de muita animação lá entrámos e eu senti logo um cheirinho tão bom na casa.
Como eu não sabia o que era, fiz questão de perguntar à avó Luísa, que nos disse que tinha preparado uma Infusão.
“Infusão…o que é uma infusão?” – perguntou o Joca nesse momento.
Com toda a sua sabedoria a vovó explicou que o avô Joaquim tinha conhecido uma marca portuguesa de Chás que vendia misturas de plantas aromáticas que lhe faziam recordar a infância. Ela depois ainda disse:
“Sabem, o vosso pai ainda se deve lembrar do tempo da bisavó Guilhermina. Ela vivia ali em Ventuzela e muitas vezes apanhava ervas ao redor da casa. Depois pendurava-as e secava-as num local adequado.
Normalmente, à noite e durante o inverno, colocava uma chaleira com água no fogão a lenha.
Quando a água estivesse quase a ferver, juntava cuidadosamente as tais ervas secas.
Depois ela tirava a chaleira do fogo, deixava repousar um pouco e servia a Infusão nas canecas de barro que tínhamos em casa.
Oh, ainda parece que estou a sentir os aromas a hortelã; olhem a Infusão que fiz há pouco tem esta planta e chama-se Infusão do Mato.
Coloquei-a numa jarra com gelo e está no frigorífico. Já sabem que nesta casa não gostamos de vos dar sumos, por isso esta é uma boa opção para o vosso almoço, não acham?”.
O Joca acabou por fazer uma careta, mas logo passou quando o avô Joaquim entrou na sala.
O orgulho do avô Joaquim a mostrar as Latas das Infusões
O avô Joaquim está-se sempre a rir e nós não nos cansamos de ver o truque de magia que ele faz sempre que nos vê (tira um euro por detrás das nossas orelhas e dá-nos).
Desta vez nem quis mostrar o álbum de fotografias do tempo em que esteve em Itália a trabalhar, pois foi logo direitinho à cozinha.
“Venham meninos, venham aqui para vos mostrar uma coisa” – dizia ele, enquanto caminhava devagar e compunha o cinto das calças.
Lá entrámos e vimos 9 latas num tom esverdeado e acastanhado, junto à janela.
O avô Joaquim pegou então numa delas e disse-nos assim:
“Eu tenho uma surpresa para vocês, mas só vos mostro quando acabarmos de almoçar. Para já digo apenas que cada uma destas latas pertence a uma marca chamada Infusões com História.
Eu como sabia que vinham passar férias aqui a casa, resolvi preparar uma pequena aventura com cada uma destas Infusões. Um texto, uma viagem e uma oportunidade para guardarem memórias nos vossos corações.
Agora vamos almoçar que já vos mostro o que preparei para vocês”.
Eu e o Joca estávamos tão ansiosos querido diário. Afinal o que viria dali?
O avô Joaquim faz sempre estas coisas e é por isso que nós gostamos tanto dele. Por agora não te posso contar mais coisas e já escrevi muito, mas não te preocupes que amanhã volto a escrever-te o que era surpresa e que aventuras é que vivemos.
Vá, até amanhã.
Guarda sempre os meus sonhos com muito carinho,
A tua amiga Beatriz.