Cláudia Camacho sobre a Infusões com História – “Mergulhar nos aromas das Infusões com História é sempre sinónimo de emergir num conjunto de matérias-primas naturais que, em qualquer visita de campo que se faça, de âmbito botânico, pode levantar algumas dúvidas quanto à sua identificação e quanto à sua história.
É o caso do Funcho, uma elegante umbelífera*, presente na envolvente Infusão Floral. O Funcho (Foeniculum vulgare Mill.) é facilmente confundido com o Aneto/Endro (Anethum graveolens L.) e com a popularmente chamada Erva-doce (Pimpinella anisum L.). Todas estas plantas possuem um sabor que lembra o anis, pois a presença do composto aromático “anetol” é comum a todas elas. Aromaticamente, podemos ficar confusos porque dentro destas variedades iremos ainda encontrar tons mais doces, mais apimentados ou mais amargos, mas é facilmente identificável o facto de o Aneto/Endro ser mais fresco do que o encorpado Funcho que acaba por se tornar mais quente.
Já para distinguir, facilmente, o funcho da erva-doce basta aplicar o seguinte truque visual: o funcho tem folhas rendadas e flores amarelas e a erva-doce tem flores brancas.
Nesta Infusão Floral encontramos também, para além do Funcho e do Hipericão (Hypericum perforatum L.), o Sabugueiro (Sambucus nigra L.). Vestígios desta árvore foram encontrados em pesquisas arqueológicas do tempo da Idade da Pedra e, posteriormente, tanto Gregos como Romanos usaram-na com regularidade. Há culturas que denominam o Sabugueiro como o “armário dos remédios” visto ser tão eficiente nas suas propriedades depurativas, diuréticas, emolientes, laxativas e sudoríferas.
O Sabugueiro era plantado próximo das populações já que diziam que este tinha o poder de atrair os espíritos do bem. E é assim que nos sentimos quando degustamos esta Infusão Floral: um bem que nos habita em cada trago, em cada trecho gustativo.”
*Umbela: inflorescência indefinida em que os pedúnculos se inserem no eixo principal todos à mesma altura.